Eu sou fruto dos frutos da terra vermelha
de gente que bebeu água de mina
que banharam no rio-beirão
Que vive, sente e chora diferente
E as flores que geraram os frutos
Tropeiros e donas de casa
Tomadores de cachaça
Cantadores de causos
Gente humilde, forte sangue quente
De sol, de rio, de minas
Sangue quente, jovem
Sangue sábio, velho
Eu não sou nada disso
Não nasci no ribeirão
Nem banho no mesmo rio
Nem tomo da mesma água
Não acredito em saci, não vi o diabo
Não viajo a cavalo, nem vi os escravos
Eu vejo o show da vida na tevê
Eu sofro e choro de medo de Etê.
E, ainda sim
Sou fruto dos frutos da terra vermelha
de gente que fazia novena
que acreditavam em milagres
maiores do que a luz elétrica
melhores do que o petróleo
Ô, meu Deus, faz voltar
Preu poder ouvir, dos cabelos brancos
A literatura das viagens
O belo colo da Vó Bela
O coisa e tar do Juvenar
Eu sou fruto dos frutos das Minas gerais
Filhos do caos, dos causos, e percalços
ResponderExcluirAplausos,
poema mineiro, me deu vontade de tomar café com leite e comer broa na varanda
Saudade da prosa do vovô e da poesia da vovó...
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